sábado, 4 de julho de 2009

Relembrar é viver mais uma vez...



Já tem um tempo que eu não apreço por aqui. Mas tem acontecido tanta coisa e muitas ainda não consegui digerir o suficiente para transformar em palavras... Enfim, resolvi dar uma pisada no freio e passar um dia em casa arrumando as coisas. Ficar sábado em casa me soa como deixar de viver, por isso resolvi reviver alguns momentos. Era para praticar o desapego e tudo o que consegui foi ficar ainda mais apegada. Tenho repetido constantemente, nos últimos tempos, que tudo passa. E essa sentença tem me machucado um pouco, é verdade. Pois percebi, hoje, que as coisas não passam, elas apenas se solidificam e viram cimento de nós. Por estarem mais sólidas, essas coisas não fervem e incomodam menos, mas elas estão bem ali sempre.


Abri a minha gaveta de recordações, acabei abrindo o coração também! Eu guardo tudo, todos os bilhetinhos que escreveram para mim. Em alguns casos, como o de um ex-namorado, guardo inclusive cópias das cartas que eu mandei para ele, hahaha! Bem, resolvi compartilhar as minhas memórias... E como elas são muito grandes, já adianto que este post será enorme!! Se você já me escreveu qualquer coisa num pedaço de guardanapo, pode acreditar que está guardado. Muito obrigada!!


Minha primeira recordação é de 1986 e não poderia ser de outra pessoa. É uma carta da Naninha, desejando que eu continuasse carinhosa, será que ainda sou? O remetente mais assíduo é um amigo do meu pai, o Roberto Braule. Tem facilmente uns vinte anos que não o vejo, mas todo ano ele me manda um cartão de aniversário. Eles têm conteúdo padrão, mas mesmo assim eu guardo todos como se fossem inéditos. Tenho vários desenhos fofos da Duda e tenho as cartinhas que eu escrevi para ela, estou construindo o arcabouço de lembranças dela também! Todas as cartas da minha mãe têm uma coisa em comum: sempre há um pedido de desculpas por não me escrever tanto como eu gostaria. Ela é assim mesmo... o cartão da minha formatura do colégio, eu que comprei para ela escrever!


Os cartões de aniversário são os melhores! Não há melhor presente do que receber mil elogios sobre a sua pessoa! Te garanto que é melhor do que muito livro de autoajuda. Os mais profundos sem dúvida são os da minha madrinha. Ela sempre escreve com o coração e com verdade!


Relembrar é uma maneira de editar a vida. E a vida com edição é bem mais interessante. Mas estou me sentindo um pouco mal... Eu tenho um grande defeito. Não consigo manter contato por muito tempo com muitas pessoas. Eu acabo não sendo muito atenciosa a longo prazo e vou me distanciando de pessoas que eu queria carregar mais perto de mim por muito tempo. Em 97 recebi uma cartinha da minha amiga Juliana Zurita brigando comigo porque eu esqueci o aniversário dela. Lembro de ter ficado muito mal na época e prometer que nunca mais isso aconteceria. A verdade é que 12 anos se passaram e por 12 vezes eu esqueci de ligar (e olha que neste meio tempo o Orkut foi inventado!!). Estou com muita saudade de algumas pessoas como as dos meus antigos trabalhos, da Carol da escola (autora das cartas mais bem decoradas), da Rachel e da Renata da faculdade, do povo do intercâmbio, da Renata Garcia... tanta gente tão legal!!


Uma coisa me deixou muito feliz, encontrei um cartão do meu aniversário de 15 anos (ou seja 1999) da Cris. Ainda tem outro cartão dela de 2005 na época da festa de um ano da Re-vista! O primeiro era super frio e nem foi confeccionado por ela (para quem não sabe, a Cris é a grande concorrente da Hallmark), o segundo era dizendo que é normal a vida nos levar para rumos diferentes. Cris, dessa vez você errou e a vida nos levou para caminhos muito juntinhos. Não quero e nem vou deixar nada me separar de vocês, V.S.M.L’s. É muito bom guardar lindos cartões que marcam os momentos maravilhosos que sempre vivemos juntas!!


Também estou com muita saudade de todos os meus ex-namorados. Escolhi ótimos escritores, com destaque especial para o Thiago... Será que eles gostaram tanto assim de mim ou foi apenas uma súbita onda criativa que fez com que eles escrevessem tantas coisas? De qualquer forma quero pedir desculpas para alguns por não ter respondido algumas cartas e nem correspondido alguns sentimentos. Para outros quero agradecer pela inspiração que me trouxeram tanto na alegria quanto na dor, a vida sem poesia ficaria muito sem graça.


É tão engraçado ver como os sentimentos se transformam. O tempo vai passando, mas as pessoas sempre ficam de alguma forma. Pensar assim é bem mais confortante do que achar que as pessoas simplesmente vêm e vão. Passei um dia olhando para trás para ver se vejo mais luz na frente. E fiquei com a certeza de que “a estrada vai além do que se vê” (estava em uma das cartas)!

2 comentários:

Cris Almeida disse...

Obaa! Estou me sentindo o máximo e nem é pelo elogio aos meus cartões e sim por fazer parte desse post e saber que pelo menos poucas amizades como a sua eu vou levar para o resto da vida (assim como você acabo me afastando de algumas pessoas que gosto muito).
Vale ressaltar que a pessoa (totalemte desequilibrada emocionalmente) quase chorou, tá!!!

Quero ver o cartão dos 15 anos! Tem fotos? hehehehe

beijo,
Cris

Limonada de ontem disse...

Que irado!